Prefeito eleito tem reclamado da situação financeira de Diadema, mas agiu nos bastidores para aumentar seu salário, da sua vice e de seus secretários; impacto vai ultrapassar R$ 1,3 milhão ao ano
Elias Lubaque
Contrariando discurso do prefeito eleito de Diadema, Taka Yamauchi (MDB), de ajuste de gastos por causa de crise nas finanças, o emedebista vai receber aumento de 29,5% nos salários. Acréscimo também será contabilizado aos salários da vice-prefeita eleita Andreia Fontes (PL) e dos secretários. O impacto nas contas públicas é, inicialmente, de R$ 1,3 milhão ao ano, mas pode aumentar.
Após o fim do segundo turno, a mesa diretora da Câmara Municipal protocolou projeto de lei fixando em R$ 20.853,83 o vencimento do prefeito, em R$ 11.703,57 o subsídio da vice e R$ 13.120,60 o salário dos secretários. Porém, nos bastidores, Taka agiu para que a Câmara votasse um reajuste nos salários da classe política.
Ou seja, ao mesmo tempo em que publicamente critica a situação fiscal da Prefeitura, Taka articulou para que o Legislativo concedesse a ele um acréscimo de 29,5% nos salários - ele vai receber R$ 27 mil mensais.
A futura vice-prefeita Andreia Fontes vai ganhar R$ 18 mil, mesmo salário dos secretários - para a vice, o aumento é de 53,8%, enquanto para os auxiliares diretos do prefeito a alta é de 37,19%.
A articulação se arrastou por dois meses, já que, segundo apurou o Diadema News, os vereadores não entenderam o movimento do prefeito eleito de adotar uma postura publicamente e outra pelo Legislativo. O aumento dos salários só foi sacramentado nesta quarta-feira, na última sessão do ano. E, para disfarçar a digital de Taka ou de seus aliados, a emenda modificativa foi protocolada com assinatura de todos os 21 vereadores.
A votação aconteceu justamente um dia depois de Taka e os vereadores eleitos terem sido diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e Taka ter declarado, em coletiva de imprensa, que o IPRED, o Instituto de Previdência de Diadema, corre risco de colapsar por causa da dívida que, segundo ele, ultrapassa R$ 1,3 bilhão.
Durante a entrevista a jornalistas, Taka disse que será implementada medidas drásticas de cortes nos gastos, para que as contas da Prefeitura sejam equilibradas. Porém, em nenhum momento ele citou que estava articulando aumentar o próprio salário. “Nos próximos dias vamos anunciar um pacote de ações, desde corte de carros oficiais, entre outros, para que possamos minimizar o dano ao erário, a fim de termos uma saúde fiscal adequada”, pontuou o emedebista.
IMPACTO
Para chegar ao cálculo do impacto, o Diadema News multiplicou a diferença dos salários do prefeito, da vice e dos secretários por 12 meses e pela quantidade de auxiliares diretos que o chefe do Executivo vai dispor - 20, contando secretários e gestores das autarquias. Com isso, ao ano, esse aumento vai onerar R$ 1,3 milhão nas contas municipais.
Esse valor pode aumentar, uma vez que o salário do prefeito é o teto do funcionalismo da Prefeitura. Isso significa dizer que funcionários públicos que eventualmente tenham vencimentos que superem o salário do prefeito têm parte dos ganhos glosados. Com o acréscimo do teto, mais servidores vão ganhar mais também.